BIRA DANTAS



O grande mestre dos Quadrinhos de Terror, ilustrador fantástico e capista cinematográfico de mão cheia. Este português autor de livros como "A Técnica do desenho", "Manual prático do Ilustrador" e "Ilustração", revolucionou o mercado de HQ no Brasil quando ao chegar em Terras Tupiniquins, descobriu que a maioria dos desenhistas copiava os Comics americanos. Colocou todo mundo a desenhar modelos vivos ou baseados em fotos. Talentos floresceram como Flávio Colin, Getúlio Delphin, Shimamoto, Nico Rosso, Izomar e tantos outros.
Fez sucesso danado desenhando revistas da editora La Selva.
Lançou o personagem Zodíako. Eu o conheci em 1977, quando visitei o estúdio do Maurício de Souza com um envelope cheio de desenhos de super-heróis. O Maurício gostou, mas disse que o Cortez poderia falar melhor de músculos e lutas. Me apresentou seu diretor de arte, que depois de bater um papo de meia hora e me falar de Hal Foster, Alex Raymond, Burne Hogarth e Neal Adams, me presenteou com "O Zodíako" (Yara Maura, mana do Mauricio, achou que era pesado pra mim -rs) e "A Técnica do Desenho"
. Esse foi o estopim de um aprendizado que reverbera nos dias de hoje, o que me levou a caricaturar todos os desenhistas do livro: Orlando Pizzi, Jorge Scudelari, José Lanzelotti (que vi de relance, um dia de 1979, no estúdio do Ely Barbosa), Gutenberg, Sérgio Lima  (tive a honra de conhecer este espetacular desenhista de Humor, Terror e Romance, que desenhou a Maga Patalógica na Abril e os Trapalhões pro Ely), Lyrio Aragão, Manoel Ferreira,Messias de Melo, Luiz Saydenberg, entre outros.
Postei no site Bigorna esta homenagem ao saudoso mestre, que me apresentou a tantos outros.

Cortez tinha um senso de humor danado de bom. Eu o conheci pela segunda vez na AQC, em Sampa. Claro que ele nao se recordava de mim, 10 anos depois...
Naqueles tempos eu praticava capoeira com os mestres Eufraudisio e Mauricio, do Grupo Corrente Libertadora no Sindicato dos Quimicos de Sao Paulo.
E adotei o cumprimento de mãos, com voltas, reviravoltas, tapas e estraladas de dedos, com todos meus amigos. Cortez inclusive.
Uma bela noite, fomos ao lancamento de "A Arte de Jayme Cortez" (Press Editorial), editado pelo Franco de Rosa e Gualberto. Ao chegar na festa, antes de me cumprimentar, Cortez chamou dona Edna e me disse:
"Veja o que ensinei a ela!"
E fez o tal do cumprimento.
Eu o visitei certa vez, com Worney, Gual e Franco, para pegar a arte de um cartaz que ele havia feito para AQC (Associação dos Quadrinhistas e Caricaturistas SP).
Sua casa era um atelier completo e dona Edna, a parceira perfeita...
Tomamos inclusive um bom vinho do Porto.
Outra coisa que me comoveu foi encontra-lo na Eleição da AQC. Haviamos lançado uma chapa de Oposição e a Situação acabou não lançando Chapa. Corriam boatos que a gente ia acabar com a AQC, etc.
Cortez apareceu la e disse que fazia questão de votar numa Chapa que tivesse o nome do Gualberto e do Worney.
Quando morreu em 1987, foi uma grande comoção na AQC.
Depois de doarmos sangue no hospital, saímos todos pra tomar umas biritas (eu, Gual, Jal, Floreal, P.Batista, Marcatti, Worney, Guida, Spacca, Rocco e mais um monte de gente que não lembro) no bar em honra ao nosso grande amigo.
Cortez não se tornou apenas um grande nome do Quadrinho brasileiro.
Lutou para colocar muitos outros com ele em cima do pódio.
Grande honra ver minha cara, ao lado de Cortez, em meio a amigos ilustres.
Valeu, Cortez!